30 novembro, 2005

Calor

Está calor, muito calor.
Está úmido, quente e pegajoso.
Odeio calor. Odeio o efeito estufa.
Estamos na primavera e está fazendo 38°C.
Está calor, muito calor.
Está ruim, muito, bastante, demais, ruim.
As plantas estão morrendo. Estão todas secando, amarelando, murchando.
As pessoas estão feias. Estão todas suadas, melecadas, ensebadas, brilhosas, fedidas.
Está calor, muito calor.

28 novembro, 2005

Poeta

Queria ser poeta para que, com lindas palavras, pudesse expressar minha angústia.
Queria ser poeta para saber usar a palavra certa, na frase certa, para causar impacto.
Quem sabe assim, sendo poeta, eu faria versos que aliviariam o pesar da minha existência.
Mas mal sei o que escrever, pouco sei como escrever.
Penso excessivamente, sinto intensamente.
Sofro de uma solidão crônica.
Sofro de uma fobia social aguda.
Sofro de mim mesma.

24 novembro, 2005

Soneto da Separação

A pedidos... :)
Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

É clichê, mas...

Um comentário do meu leitor mais participativo – Ivo – me deu vontade de postar esse pensamento...
Já postei, ou ainda postarei, Fernando Pessoa, Drummond, Quintana, Vinícius e é claro Chico... Por falar nesse último, vou copiar a descrição de uma comunidade do orkut: “Diante de Chico Buarque, todo homem é um corno em potencial. A rigor, a sua mulher está com você nesse exato momento porque não teve competência para estar com Chico Buarque.” Perfeito, não? :D
Voltando... É meio clichê postar essas criaturas, e sempre tento fugir de mesmices, mas quando se trata destes, não me importo de ser como a maioria... Tem muitos outros autores maravilhosos, mas quando leio suas criações elas fazem sentido. Às vezes uma única palavra, colocada no lugar certo, é capaz de me emocionar de uma maneira muito boba...
E ok, admito, compartilho uma opinião com uma miss... Sim eu li o Pequeno Príncipe quando era criancinha e é um dos livros mais lindos que já li. Eu o li há mais de 15 anos, mas sempre que o releio, choro...
Incrível, não? Nem sempre a maioria é idiota!

23 novembro, 2005

*JU* in South Park

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22 novembro, 2005

Poema em linha reta

Fernando Pessoa (Poesias de Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

17 novembro, 2005

Amar

Carlos Drummond de Andrade
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

07 novembro, 2005

Orgasmo de Chocolate

Depois de tantas reflexões, memórias e pensamentos profundos, preciso dizer que estou aqui, com meu micro finalmente funcionando, escutando “Crazy”, do Seal (também conhecido como O bonito), e comendo o orgasmo de chocolate.
Explico.
Eu entendi do que tanta gente falava quando se dizia chocólatra e que chocolate era como sexo... Estavam todos falando de chocolate belga. E eu estou com um pote de sorvete da Häagen-Dazs com “Belgian Chocolate” e PUTA QUE PARIU, É MUITO BOOOOOOOOOOOOOOM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Eu conheci a Betty Boop e ela é legal! :D

A guria que eu conheci é igual à Betty Boop, mas incrivelmente igual a mim. Vou deixar assim porque ficaria mt longo pra explicar.
Louca a vida.
Olho pra ela e me vejo... Tirando alguns detalhes básicos e fundamentais... Eu sou gay, mas ela é gay. Entenderam? Bem, ela entendeu...
Enxergo nela uma doçura imensa que não sei porque que ela tenta tanto esconder (já disse isso pra ela)... Ela é linda, calada, meiga, sensível, carente, inteligente, tímida, desastrada, queixosa, delicada, forte e fraca...
Ela é complexa como toda mulher, mas o que a difere de tantas é que ela desperta o anseio de decifrá-la.

03 novembro, 2005

Mãe

Ai ai ai.... Consegui um emprego não remunerado há alguns dias... O de mãe da minha prima de 17 anos!
Como sempre essa vida louca vidaaaaaa, não pára e ela está com alguns problemas e estou tentando ajudar. Ela está ótima, por mais que ninguém acredite. Todo mundo duvidou que poderia dar certo, mas ela me deixou cuidá-la.
Então assim estou, cuidando de uma menina linda que conheci com algumas horas de vida. Ela me surpreende muito, pois eu já estava acostumada com minha feliz e pacata vida e ela me mostra uma ralidade da qual eu já havia me afastado e uma outra que nunca tinha participado...
Tem sido um desafio, pra mim mesma, pois tenho uma confiança no meu amor por ela que ninguém entende...
Não tive a compreensão e o apoio que eu desejava, mas tudo bem, é um desafio que eu aceitei pra mim mesma...
Só quero vê-la bem, e é claro muito feliz!
Carmel, te amo! :*