14 abril, 2006

Medeia

Paul Cézanne

É uma das personagens mais terrivelmente fascinantes desta mitologia ao envolver sentimentos contraditórios e profundamente cruéis. Princesa da Cólquida, Medeia, sacerdotisa de Hécate, possui conhecimentos profundos das artes mágicas.
Sua história começa depois de Jasão chegar à Cólquida, do Reino de Iolcos, para reclamar o velo de ouro para si. Como é frequente em muitos mitos, Eetes promete-lhe o velo, desde que o herói cumpra uma tarefa. Jasão teria de lavrar um campo com dois touros monstruosos e indomados, de cascos de bronze e que expeliam fogo pelas narinas, que lhe tinham sido oferecidos por Hefesto. Em seguida, teria de semear no campo lavrado os dentes de um dragão que fora morto por Cadmo em tempos passados. Segundo alguns relatos, Hera, como protectora de Jasão, terá nesta altura, convencido Eros, ou Afrodite a providenciarem que Medeia se apaixonasse por ele. Ela, conhecedora dos segredos de todas as artes ocultas, afeiçoada ao herói, conhece, contudo, quais as pretensões de seu pai. Medeia promete, então, ajudar o estrangeiro, conseguindo de Jasão a promessa de que se casaria com ela, e a levaria consigo no caminho de volta a Iolcos. Este aceita sua proposta, e jura seu amor e fidelidade à Medeia no templo de Hécate. Medeia oferece, então, ao argonauta, um unguento que deveria usar no corpo e no seu escudo, tornando-o invulnerável ao fogo e ao ferro durante um dia - o suficiente para enfrentar os touros e lavrar o campo.
Medeia adverte-o também de que dos dentes de dragão nascerá uma seara de soldados que se virarão contra ele e que o tentarão matar, mas ela dá-lhe a simples solução para o problema: basta lançar uma pedra, de longe, para o meio desse exército erguido da terra. Os soldados entrariam em discussão sobre quem atirara a pedra e matar-se-iam uns aos outros. Com tais conselhos, Jasão executou as tarefas com facilidade e voltou a reclamar o velo de ouro a Eetes.
O Rei da Cólquida, furioso, resiste e tenta frustar de novo os intentos de Jasão, tentando incendiar a nau Argo, de onde este viera, além de pretender matar a sua tripulação. É novamente Medeia quem ajudará Jasão a escapar a esse destino, ao adormecer com narcóticos o dragão que guardava o velo de ouro e avisando-o dos planos do pai. Conseguem, assim, fugir da Cólquida, com o tesouro almejado.
É então que o lado cruel de Medeia se revela pela primeira vez. Quando partem , leva consigo Apsirto, seu irmão, sabendo que não tardaria que seu pai lhes fosse no encalço. Para o atrasar, mata o irmão e despedaça-o, dispersando os restos mortais pelo caminho, sabendo que o pai tentaria recolher cada pedaço para lhe dar a sepultura devida.
Com a chegada de Medeia e Jasão, o tirano recusa-se a largar o poder. O fato de ter atentado contra a vida de Jasão ao enviá-lo na demanda do velo de ouro, faz com que Medeia engendre uma nova forma de o levar à perdição, fazendo uso das artes ocultas e de alguma astúcia. Fazendo-se amiga das filhas do rei, diz-lhes que é capaz de rejuvenescer quem ela quiser. Para o provar, mandou esquartejar um carneiro velho e colocou-o dentro de um caldeirão com uma poção fervente. De seguida, retirou o animal, inteiro e de bastante boa saúde. As mulheres, excitadas, correram a esquartejar o pai e lançar os seus pedaços dentro do caldeirão. Depois deste incidente macabro, Medeia fugiu com o seu amado para Corinto.
Em Corinto, a felicidade de Medeia foi de pouca duração. Já com filhos de Jasão, foi alvo da intriga do rei Creonte que influenciou Jasão a deixá-la, de modo a casá-lo com a sua filha, Creúsa. Tendo convencido Jasão, tratou de banir Medeia de Corinto. Esta, contudo, antes de abandonar a cidade, ainda conseguiu vingar-se, novamente aliando astúcia com magia. Fez chegar às mãos de Creúsa um vestido e jóias - um presente literalmente envenenado, já que cada acessório tinha sido embebido numa poção secreta. Assim que a sua rival se vestiu, sentiu o seu corpo invadido de um fogo misterioso que logo se espalhou para o seu pai, que a tentou socorrer, bem como para todo o palácio.
Medeia mata os filhos antes de fugir para Atenas, não num acesso de loucura, mas num ato de fria e premeditada vingança em relação ao marido infiel.

1 Comentário(s):

Blogger Unknown proferiu...

Achei uma mulher digna de eu ser fã!!!!
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Medeia rules!!!!!

16/4/06 12:34 PM  

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