08 abril, 2006

Leitura e Produção Textual - Emoção Forte - 1ª versão

E sem pedir permissão ele veio e me arrasou.
Eu estava sentada em uma confortável cadeira de uma aconchegante cafeteria esperando meu pedido ser entregue. Folhava displicentemente uma revista que de tantos anúncios publicitários que usam modelos de mulher-objeto para chamar a atenção que todas passam desapercebidas como numa vitrine de uma fábrica de produtos em série.
Conseguia ouvir as vozes das pessoas que conversavam ao meu redor, mas eram apenas murmúrios que faziam parte da música ambiente, tal qual o barulho do tilintar das xícaras em seus pires.
Era uma bela tarde de fim de outono e as janelas estavam abertas e todos podiam sentir o vento calmo, constante e frio que tornava ainda mais esperada a chegada de meu café.
Mas, na cozinha uma louça foi quebrada. O susto que tal barulho provocou fez com que meus olhos procurassem o que o teria causado. Porém eles encontraram outro agente.
Notei um belíssimo espécime masculino perto da porta. Como toda mulher, minha noção espacial é terrível e não saberia precisar sua altura, mas como tal, pude me imaginar perto dele e apurar que seria perfeitamente acolhida entre seus braços. Ele usava um jeans que deixava suas pernas bem destacadas, uma camiseta branca que era capaz de revelar seu tórax e abdômen perfeitamente modelados e uma jaqueta de couro marrom rente ao seu corpo.Não reparei em seus sapatos pois meu ângulo de visão permitia-me apenas deleitar-me com sua imagem até pouco abaixo dos joelhos. Devo confessar que o que meus olhos observaram até aquele ponto era suficiente para suportar até mesmo sandálias com meias.
Pela minha mente, passou rapidamente o pensamento de que eu estava me comportando como um soldado voltando da guerra após três meses em um submarino: rodeado de água e na mais completa secura.Uma certa culpa tentou me invadir, mas eu consegui despistá-la com a mesma velocidade e voltei à minha contemplação.
Ele deu alguns passos e acomodou-se numa cadeira junto à segunda mesa à minha esquerda.Olhei pra o balcão e não havia ninguém além da moça que trabalhava como caixa. Será que meu café ainda demoraria muito? Eu precisava de um motivo para estar ali, o café seria meu álibi.
O delicado sol dessa época do ano que batia em suas costas e o deixava envolto num suave brilho amarelado foi suficiente para que em poucos minutos ele tirasse sua jaqueta.Ele permaneceu de óculos escuros, mesmo que aqueles raios de sol não pudessem atingir seus olhos, e isso aumentava mais minha ânsia por descobri-lo. Era um impulso totalmente animal que me dominava. Queria possuí-lo de uma maneira insensata. Contudo, além de qualquer coisa queria ser sua posse.Uma forma de delírio tomou conta de mim, onde não possui razão ou lógica.
Meu homem-objeto levantou a mão e chamou o garçom, que finalmente havia retornado da cozinha e vinha ajeitando seu uniforme, e fez seu pedido. Quando ouvi aquela voz grossa e ao mesmo tempo aveludada saindo de uma boca insanamente lasciva eu quase delirei. É claro que não consegui prestar atenção no significado, apenas no som de suas palavras. E é claro que também apenas encarava sua boca. Nesse momento me parecia pecado não tê-la priorizado, mas diante de tanta oferta (e eram muitas) tive minha absolvição.
Eu já havia ultrapassado o limiar do simples querer, já estava dominada pelo desejo. Desejo é dono de si, e quando ele nos atinge, nos manipula à sua própria vontade. E assim, naquele momento, me vi aprisionada pelo desejo que fazia-me querer ser posse deste homem.
Sonho, fantasia, ilusão, quimera. Desprendimento total da realidade. No mundo da minha imaginação tudo é permitido e me dei total liberdade para usufruir tal direito.
O que? Sexo, muito sexo.
Como? Irrelevante.
Quando? Imediatamente, por favor.
Onde? Aqui, lá, acolá. Em qualquer lugar, em todo lugar.
Por que? Desejo mandou.
Realidade? Meu café finalmente chegou, gelado comparado ao meu corpo, absolutamente irrelevante comparado ao que foi esperado. Uma linda mulher-objeto chegou e sentou-se junto ao meu alvo.
Trêmula, excitada, ainda risonha com a louca aventura que acabara de vivenciar, mesmo que sozinha no reino do imaginário, adocei meu café, infinitamente menos saboroso do que sempre fora ao sustentar meu vício e o bebi, satisfeita.
Ah, se eu fumasse...

7 Comentário(s):

Blogger Unknown proferiu...

Eu ainda não entreguei esse texto, só dia 14/04. Então se alguém achar alguma porcaria que eu digitei errado (obrigada, Daniel :*) me avisem! =D
Obrigada

9/4/06 2:29 PM  
Anonymous Anônimo proferiu...

juuu, o texto está demais, ja tinha te falado antes, adorei o final. . ficou muito bom mesmo, sem melhoras a fazer neste momento, se pensar em alguma coisa te digo.
bjnnn miga, entre no meu flog, tem um texto meu lah, da uma olhadinh?

9/4/06 11:45 PM  
Anonymous Anônimo proferiu...

Amei o texto... muito bom mesmo... lindo... maravilhoso... quase tão belo quanto quem o escreveu...
TE AMO MUITO JU! BJS =***




=@

10/4/06 11:54 AM  
Blogger Ivo La Puma proferiu...

Gostei! Vai começar a produzir em série? Por favor, não se faça de rogada!

Beijos!

11/4/06 11:45 AM  
Blogger Ivo La Puma proferiu...

Desculpa ter enviado vários comentários, mas essa porra abilolou! Pode apagar os demais e deixar apenas um... Beijos!

11/4/06 11:50 AM  
Blogger Unknown proferiu...

Hiahuauiahaisha

Eu imaginei... =D


E fico muito feliz que tu tenha gostado!^^


:*

11/4/06 12:06 PM  
Blogger Unknown proferiu...

E meus fofos Adri e Nelson eu já tinha agradecido, mas registro aqui... brigadaaaaa!:****

11/4/06 12:06 PM  

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